ODORICO ALVES FURQUIM (texto escrito pelo ex-Vereador Lauro Rogério Dognani) Neste dia 20 de outubro fez um ano sem o amigo Odorico. Conheci o Odorico, quando criança, tempo em que ele não saía da casa de minha avó Palmira. Não tenho muitas lembranças dele naquele período. Ele era amigo de meus tios, tinha uns 20 anos naquela época, eu uns 10. Meu pai se tornou prefeito em 83, o Odorico foi trabalhar na biblioteca municipal quando esta ainda era no prédio da prefeitura, hoje onde ficam os computadores, setor de informática. A Câmara Municipal era onde está a área de RH e convênios hoje em dia, e não tinha funcionários. O prefeito é quem sedia uma pessoa para a limpeza, e a pedido do Zezito Vila, presidente na época, o Odorico passou a trabalhar na Câmara. Período em que a Casa de leis passou a ter autonomia econômica. Após isso Odorico sumiu. Sei que prestou concurso na Nossa Caixa Nosso Banco e passou. Depois Passou no concurso do Banespa, onde encerrou a carreira como Gerente. Não aposentou, saiu naqueles planos de pedido de demissão voluntaria. Casado com Cristina voltou a Fartura. Quando da sua volta eu estava vereador, primeiro mandato. Época de eleição. Voltei a ter contato com o Odorico, desta feita pela amizade que ele tinha com o Dr. Olimpio, dentista e vereador. "-Fala pro Olímpio colocar uma faixa dele aqui na minha casa". Eram amigos de longa data. Odorico ainda não queria saber de política, colocou a faixa por amizade ao Olimpio, e dizia ter uma gratidão forte em relação ao meu pai. Sua era voltar a estudar – "vou voltar a estudar, fazer economia, e tem que ser na FGV". Uma vez, me pediu para acabar com os carros de som da rua, não suportava o som alto demais a todo momento. Tentei, mas não consegui. Acho que por isso ele comprou uma chácara no Bairro das Areias. Ele gostava de musica, clássica, MPB e os rock dos anos 70 e 80, livros então, nem se fale, nessa área adorava bibliografias. Cultura e experiência de vida igual a poucos. Superação e determinação. Para não falar que não tinha defeitos, era Corintiano, roxo, doente. Venceu a bebida e o cigarro, mais de vinte anos sem fumar – "enquanto meus pais forem vivos, não coloco mais na boca"; assim fez, virou esportista - caminhada e natação. Gostava de criança, se apegava aos sobrinhos, ainda carente voltou-se aos cachorros e outros animais. Da sua chácara, fez um zoológico. Amigo e bom conselheiro, sabia ouvir, fazer a crítica aos erros, sem com isso fazer uma censura. Usava da própria experiência para criar suas parábolas nos conselhos. Aquele jeitão marrento tinha um coração grande. Sua entrada na política se deu quando do processo dos tubos, indignado com o massacre moral que fizeram em cima de meu pai. Foi quando escreveu um artigo, chamado "O semeador de pomares". Petista que era, passou a frequentar o ninho Tucano. Entrou para o PSDB. Ganhou para vereador, foi reeleito. Técnico e objetivo, legislador e fiscalizador competente. Sabia ser democrático, conseguia em nome da cidade, conversar com os adversários, sem se envolver com os desmandos, sem ser conivente. Chorou, esbravejou, aconselhou quando saí do PSDB, - "você é uma pedra para ser lapidada" – "fracote" – "você esta certo, faça por teus filhos". Foi na campanha que teve seu primeiro sintoma da doença que o levou a morte. Teimoso, foi adiando a operação. O medo, a política e o descaso precipitou a passagem do Odorico. UTI, 30 dias, ele não queria ir, sabia que poderia fazer mais pela cidade que ele amava. Nessa luta, convivi com Seu Pedro, pai amoroso, com sua mãe determinada, e com sua esposa carinhosa, amigos não lhe faltaram. Falta só faz você companheiro.
Fartura